Texto de Alexandre Werneck sobre LOUISE VALENTINA
Sobre o feminino que escorre por entre os dedos e como tê-lo nas mãos: ‘Louise/Valentina’
Há um momento em que Louise/Valentina se divide em dois, momento em que, no palco, após ocultar-se atrás do cenário, Louise Brooks, a atriz-dançarina da era de ouro do cinema mudo de Hollywood, se transforma em Valentina, a personagem-fetiche dos quadrinhos sensual-aventureiros do italiano Guido Crepax. A marca dessa transformação é assinalada com uma mudança de voz de Simone Spoladore, que passa a falar de maneira propositalmente artificial e a lançar declarações um tanto doidivanas – ela chega a cantar (!), um tanto esnobe, ao descobrir um microfone, denunciado pela emulação de quadrinhos assumida pelo cenário. É também assinalada por uma mudança de trejeitos, já que a mulher de papel é de gestos expansivos e de um estilo mais serelepe, mais “travesso” que Louise. Uma mulher, ali, torna-se outra.
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